Diante do primeiro caso suspeito de varíola dos macacos em Mato Grosso do Sul, força-tarefa que contará com representantes de órgãos de Saúde e entidades irá implantar um plano de contingência com ações para combater a varíola dos macacos.
O grupo será criado a partir de procedimento administrativo instaurado pelo MPMS (Ministério Público Estadual) e publicado nesta sexta-feira (3). O plano de contingência contará com a SES-MS (Secretaria de Estado de Saúde), a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) de Campo Grande, Conselho Municipal de Saúde, Conselho Regional de Enfermagem, Comissão de Saúde da Câmara Municipal, Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa e Comissão de Saúde da OAB-MS.
À frente do processo, a promotora Daniella Costa da Silva, da 32ª Promotoria de Justiça, reforça que o grupo será responsável por elaborar e implementar ações estratégicas para enfrentamento de casos da Monkeypox, a varíola dos macacos.
Os trabalhos do grupo devem seguir orientações emitidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em nota técnica publicada no mês passado que detalha o que se sabe até agora sobre a doença e procedimentos para notificação de casos.
As autoridades em saúde e as entidades apontadas pelo MPMS para compor a força-tarefa devem ser notificadas a partir desta sexta-feira (3) e ainda não há prazo para o início dos trabalhos.
Caso suspeito de varíola dos macacos em MS
O primeiro caso suspeito de Mato Grosso do Sul e do Brasil é de um adolescente boliviano de 16 anos, internado em isolamento na Santa Casa de Corumbá. O menino está bem e com todas os sintomas da doença.
Laudo que vai determinar se o paciente está infectado com a varíola dos macacos deve ficar pronto em até 20 dias, contados desde o dia 30 de maio, quando o paciente buscou atendimento no hospital de Corumbá.
Além de exames, análise clínica também é feita por equipe médica do hospital. Segundo a secretaria, nesta quarta (1º) o adolescente se encontra em quadro clínico estável e recebe todos os cuidados necessários.
Em comunicado emitido no dia 31 de maio, a Santa Casa informou acreditar ser “pouco provável a infecção pelo referido vírus”. Os médicos suspeitam que o adolescente possa ter Síndrome de Dress, reação adversa a medicamentos ou Psoríase Pustulosa.
Em relação às ações feitas pelo Estado e secretaria municipal para evitar disseminação da doença, a prefeitura informou que o Cievs (Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde) acompanha a situação com orientação a profissionais de saúde da rede pública e privada.
Os exames do primeiro caso suspeito de paciente com varíola dos macacos em Mato Grosso do Sul ficam prontos em 20 dias. Essa é a estimativa da Saúde municipal que monitora o caso e possíveis novas contaminações.
O que se sabe até agora sobre a varíola dos macacos
Originalmente conhecida como Monkeypox, a varíola dos macacos é uma doença endêmica da África e recentemente tem causado alerta no mundo por conta de infecções registradas desde o início de maio na América do Norte e Europa. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), até semana passada eram 131 casos confirmados e 106 suspeitos em todo o mundo.
O que chama atenção das autoridades mundiais em saúde é que essa é a primeira vez que a doença causa surto em várias partes do mundo sem que os pacientes com a doença tenham viajado para a África.
De acordo com o Instituto Butantan, a varíola dos macacos pode ser definida como uma “doença febril” aguda, que ocorre de forma parecida à da varíola humana.
Principais formas de contágio da varíola dos macacos
A infecção pelo vírus se dá de três formas: em contato com um macaco infectado com o vírus, com outra pessoa doente e também com materiais contaminados. De pessoa para pessoa, o vírus é transmitido no contato com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama.
Portanto, as formas mais comuns de contágio são as seguintes:
• do contato com roupas ou lençóis (como roupas de cama ou toalhas) usados por uma pessoa infectada;
• do contato direto com lesões ou crostas de varíola de macaco;
• da exposição próxima à tosse ou a espirro de um indivíduo com erupção cutânea de varíola.
Sintomas e prevenção
Segundo as autoridades, o período de incubação do vírus varia de sete a 21 dias e os sintomas costumam aparecer após 10 ou 14 dias. Além das erupções cutâneas, a varíola dos macacos causa dores musculares, na cabeça e nas costas, febre, calafrios, cansaço e inchaço dos gânglios linfáticos.
Em nota emitida na semana passada, o Ministério da Saúde afirma que o melhor método de prevenção para o contágio é reforçar a higiene das mãos e ter cuidado no manuseio de roupas de cama, toalhas e lençóis usados por pessoas infectadas.
Vale ressaltar que não há tratamento específico para a doença ou vacina contra o vírus, no entanto, a vacina padrão contra varíola também protege contra esse vírus. A varíola foi erradicada no mundo em 1980.
Nos Estados Unidos, último país fora do continente Africado a registrar surto da doença no início dos anos 2000, não houve nenhuma morte causada pela doença. Segundo especialistas, esse cenário revela que com assistência adequada, a doença, apesar de grave, pode não representar uma epidemia, como a causada por vírus respiratórios, como a Covid-19.
Fonte: Correio do Estado