Sócio majoritário da Viação Netto, empresa responsável por alugar um ônibus que levou sul-mato-grossenses até Brasília para as manifestações que culminaram com a invasão do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal no último domingo (8), Valdemar Benedetti Hermenegildo, destacou que 19 dos 20 nomes que viajaram no ônibus de sua empresa à capital federal, participaram e vivenciaram o quebra-quebra do último fim de semana, já retornaram ao Estado nesta terça-feira (10).
Sem fornecer o nome do locatário, o dono da empresa com documentação registrada em Vicentina, interior de Mato Grosso do Sul, disse que o custo médio de uma locação custa cerca de R$ 27 mil reais.
O veículo de Valdemar Benedetti aparece em algumas filmagens realizadas por Andrea Barth, motorista de Naviraí, responsável por filmar outros sul-mato-grossenses que seguiram para o ato. Segundo ele, por mais que o traslado fosse até o Quartel General de Brasília, jamais imaginou que o fato tomasse grandes proporções.
“É complicado dizer o que se passou, enquanto locatário eu imaginava que o pessoal fosse somente até o QG de Brasília, não pensei que a coisa fosse se desdobrar desta forma”, disse.
Questionado sobre possíveis desdobramentos e investigações posteriores, Valdemar Benedetti alegou que, caso solicitado pela Polícia Federal (PF) não terá qualquer resistência em divulgar o contratante do veículo, assim como o nome de todos os passageiros do ônibus.
“Se a Polícia Federal (PF) pedir, eu dou o nome do contratante e de todos os passageiros do ônibus”, destacou.
Os manifestantes
Para além de Andrea Barth, já mencionada, o vídeo realizado pelos manifestantes que participaram da insurreição em Brasília, identifica também Cláudio Jacomelli, aposentado, ex-analista judiciário do Tribunal da Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS) identificado junto da esposa, Clarice Custodio Jacomelli, que segundo suas redes sociais, é professora da Rede Municipal, ambos residentes de Naviraí.
Na filmagem ela diz “Estamos fazendo inveja pra esse pessoal que não tem coragem”. Ao seu lado, Cláudio Jacomelli diz “temos que buscar o que é nosso, a liberdade”.
Além deles, o vídeo identifica Amauri Rodrigues, também residente de Naviraí. De óculos escuro, boné e camiseta do Brasil, é ele o primeiro a aparecer nas imagens gravadas por Andrea Barth, no último sábado (7). Também aparecem nas filmagens Edson Rodrigues, autônomo e proprietário da empresa Calango Pneus, em Itaquiraí.
Buscas
A maioria dos ônibus usados em Brasília estão registrados no estado de São Paulo, e são alvo de busca e apreensão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Um levantamento inédito da Agência Pública, obtido por meio das informações de registro da PF já identificou dois veículos em MS.
Conforme o levantamento, após São Paulo e Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso são os estados com mais ônibus usados pelos insurgentes que vandalizaram o Congresso, Planalto e STF.
Dos 86 veículos, a Agência Pública localizou o registro de 44 nomes de empresas ou pessoas físicas que seriam os donos desses ônibus. Já 42 veículos não tiveram os responsáveis identificados pela reportagem.
Como medida, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu afastar o governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB) do cargo por 90 dias.
A decisão é amparada pelo inquérito dos atos antidemocráticos, do qual Moraes é o relator.
Os proprietários deverão ser identificados e ouvidos em 48 (quarenta e oito) horas, apresentando a relação e identificação de todos os passageiros.
Outros nomes de MS
Ontem (09), o sul-mato-grossense, William Henrique (29), um dos envolvidos nos atos golpistas e ataques às sedes dos três poderes constitucionais em Brasília (DF), ganhou fama nacional após ser identificado como um dos milhares de presentes na inssurreição deste domingo (8), em Brasília.
Ex-militar, William conseguiu escapar do cerco policial e por pouco não foi um dos milhares de detidos sob suspeita de terrorismo (até o momento) pelo Ministério da Justiça.
Por meio de suas redes sociais, o sul-mato-grossense destacou o modo como fugiu das investidas policiais de Brasília (DF).
Além dele, o Dono do perfil “OutroLadodeDourados”, outro nome de MS, Rogerinho Santo, estaria em Brasília.
Fonte: Correio do Estado