Os pedidos de recuperação judicial em Mato Grosso do Sul cresceram 314% de 2022 para 2024 e olha que o ano ainda nem acabou. Conforme dados solicitados pelo Campo Grande News à empresa de consultoria Serasa Experian, em 2022 foram apenas 7 pedidos de recuperação judicial, já em 2023 foram 23 e em 2024, apenas de janeiro a maio, foram 29 requerimentos
Se comparar 2022 a 2024, houve aumento de 314%. Já se comparar 2023 com este ano até aqui, o crescimento foi de 26%.
Em resumo, a recuperação judicial é um meio utilizado por empresas para evitar que sejam levadas à falência. O processo permite que companhias, após decisão judicial, suspendam as cobranças e renegociem parte das dívidas acumuladas em um período de crise, evitando o encerramento das atividades, demissões e falta de pagamentos.
Ela tem como objetivo principal apresentar um plano de recuperação viável, que mostre aos credores que a empresa possui condições de se reerguer, caso consiga renegociar suas dívidas.
Após o requerimento, a recuperação judicial passa por dois estágios: o de deferimento e de concessão.
Na recuperação deferida, a documentação foi analisada pelo juiz e está correta, mas isso não significa que a recuperação será concedida. Já a recuperação concedida significa que o processo passou por todos os passos e foram cumpridas as exigências de lei. A empresa então permanecerá em recuperação judicial até que se cumpram todas as obrigações previstas no plano.
Para o economista Márcio Coutinho, este cenário pode se explicar pela oscilação da taxa básica de juros dos últimos anos.
“O que acontece agora é reflexo de 2020 e 2021. Nesse sentido, eu entendo que um dos principais fatores foi o aumento da taxa básica de juros. Se fizer uma retrospectiva, em setembro de 2021 a Selic estava 6,25% ao ano. Em junho de 2022 ela bateu 13,25%, ou seja, dobrou e quem estava endividado e as empresas pegam dinheiro emprestado alastrado no CDI e se a Selic aumenta esse custo aumenta”.
Já para outro economista, Michel Martines, o pedido é uma última possibilidade de o empresário sobreviver.
“O que precisa ser observado é que de 2014 a 2020 internacionalmente a gente já vive uma crise e dentro do brasil uma crise financeira e política”.
Para ele, além das questão dos juros, houve uma mudança no perfil do consumidor após a pandemia e isso refletiu na saúde das empresas.
“Isso tudo se agravou quando veio a pandemia o comércio não pôde abrir suas portas e quando pôde ele já pega um consumidor com a cultura mudada, as possibilidades se ampliaram muito das compras online, de comércios chineses”.
FONTE: CAMPO GRANDE NEWS