Tensão: Indígenas denunciam novos incêndios e drones usados por seguranças privados

Mais quatro casos da retomada Avae’te, em Dourados, distante 225 quilômetros de Campo Grande, que pertencem a indígenas Guarani e Kaiowá, foram incendiadas por seguranças privados na tarde dessa quarta-feira (16). A denúncia foi feita pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário).

“Eles vieram pelo mato e atiraram umas quatro vezes, e [um dos disparos] quase acertou nosso parente”, explica Yvyraija Miri, liderança da comunidade, conforme nota publicada pela entidade. Segundo a entidade, este é o primeiro ataque registrado este ano, apesar de ações armadas serem frequentes desde 2018.

“Eles vieram em duas caminhonetes com oito pessoas a pé para queimar as nossas casas. Eles têm armas pesadas, dão tiro para matar. Nós estamos correndo perigo, lutando pelos nossos direitos, pela nossa terra”, conta a liderança.

Avae’te que fez novas denúncias   em relação a presença de seguranças privados na área. “Estamos vivendo noites de medo com ameaças. Estão dizendo que vão entrar com o ‘caveirão’ (carro blindado) e derrubar nossos barracos”, conta a mulher que mora na comunidade com três crianças pequenas.

“Ele já é velho conhecido dos Guarani e Kaiowá de retomadas localizadas em áreas próximas aos atuais limites da reserva indígena de Dourados, cujo território é reivindicado pelos indígenas como parte de sua terra de ocupação tradicional”, diz a entidade indigenista.

O veículo foi idealizado por um proprietário rural residente na área, como forma de se proteger do conflito fundiário com indígenas que se arrasta há décadas na região. Há relatos de indígenas que atualmente  é utilizado ainda como plataforma de tiro contra os Guarani e Kaiowá.

Segurança jurídica

Motorista de 39 anos procurou a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) de Dourados nessa terça-feira (15). Ele alega ter sido atacado por grupo de indígenas com paus e pedras enquanto trafegava pela avenida Guaicurus.

A situação ocorre em meio a um conflito iniciado essa semana entre indígenas desaldeados e donos de sítios.

O denunciante contou à polícia que teve os vidros traseiros do veículo VW Gol quebrados. Além disso, segundo ele, as portas também foram amassadas.

Ele relatou que se sente ameaçado, pois é morador em uma das chácaras que fica nas proximidades da área de conflito. Segundo ele, que pediu proteção da polícia, o grupo fez ameaças.

Ouvido pela reportagem do Midiamax, o presidente do Sindicato Rural de Dourados, Ângelo Ximenes diz que os conflitos envolvendo proprietários rurais e  indígenas não pode ser tratada de forma unilateral.

“O que a gente pleiteia nada mais é do que a segurança jurídica que inclusive foi defendida pelo governador Eduardo Riedel durante a a Expoagro desse ano”, justifica.

 

Fonte: Jornal Midiamax

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